Liberdade, Caminho da Escravidão

LIBERDADE, CAMINHO DA ESCRAVIDÃO:

O PENSAMENTO REVOLUCIONÁRIO DE PLÍNIO SALGADO, PÁG. 73

Todos os sofrimentos do mundo moderno se originam de um só defeito da grande máquina: “A falta de disciplina”. O conceito da liberdade excessiva, o predomínio do individualismo mais desenfreado determinou o desequilíbrio social que perturba o ritmo da vida do nosso século.

Desde a Revolução Francesa, outro não tem sido o grito da humanidade senão aquele que atroou todos os recantos do mundo e do século:

– Liberdade! Liberdade!

E foi a liberdade que espalhou pelas nações as doutrinas mais contraditórias, as afirmativas mais absurdas, os brados mais lancinantes de angustia do pensamento e do coração.

Liberdade! Clamava o homem e, clamando, tratava de conquistar os meios com que pudesse exercer, com forte base econômica, a sua faculdade de ser livre.

Foi assim que se formaram os primeiros capitais da avareza.

Liberdade! Clamava os banqueiros, e foi assim clamando que dominaram as Nações, escravizaram as indústrias e o comércio, humilharam os produtores.

Liberdade! Clamavam as indústrias e comerciantes e, entregues às leis da concorrência, livraram-se da disciplina do Estado, mas caíram no cativeiro dos agiotas.

Liberdade! Clamavam os patrões e, em nome da liberdade de contrato, passaram a explorar os pobres, e o trabalho humano transformou-se em mercadoria sujeito às leis da oferta e da procura.

Liberdade! Clamaram, por sua vez, os proletários, os quais, assistindo ao espetáculo de luxo e paganismo de seus chefes, endureceram o coração e lançaram-se nas tremendas lutas de classe, feitas de ódio e de revolta.

Liberdade! Clamavam os pais, os esposos, os filhos, e ruiu a estrutura dos velhos lares felizes e tranqüilos.

Liberdade! Clamava a imprensa, e na livre concorrência comercializou-se, ao gosto depravado das turbas, que precisou agradar, e dos argentários, aos quais precisou vender-se.

E, em nome da liberdade, o gênero humano caminha para a ruína total, destruindo o ritmo de sua existência com a morte da disciplina.

A indisciplina destrona a modéstia e erige em ídolo a vaidade e o orgulho; transforma o amor em puro instinto sexual; reduz a amizade a uma questão de oportunidade; considera a honra como um ponto de vista; examina os costumes como relatividade de convenientes; semeia o ódio sobre a terra; cria uma civilização de rebeldes.

Já o homem não sabe defender-se dos vícios. Libertando-se da disciplina do espírito, cai na escravidão dos instintos. O homem, agora, é livre. Livre de todos os preconceitos. Não tem sentimento nem religioso nem cívico. A Pátria, que é a Pátria, depois que lhe deram a significação meramente política de vontade geral? A Pátria é uma convenção.

Assim a julgar a mentalidade capitalista, assim também a imagina a classe operária.

É que a Pátria, ela mesma, é uma expressão de disciplina.

E, tendo desaparecido a disciplina, desaparece a Pátria. Dessa forma a humanidade marcha até a guerra.

Liberdade! Liberdade! Nunca o gênero humano foi mais infeliz! Nunca foi tão prisioneiro…. nem mais escravo.

E a Liberdade é o supremo dom do Homem. É a dignidade da nossa Espécie. É a alegria dos nossos movimentos. É nossa honra e nossa gloria, nossa aspiração superior.

Quem a degradou assim? Quem a tornou uma enfermidade e um opróbio?

O Liberalismo.

Como salvaremos a Liberdade?

Pela disciplina.

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