O INTEGRALISMO LINEAR E O DISTRIBUTISMO
CÁSSIO GUILHERME, PRESIDENTE DO MIL-B
Nosso trabalho de construção doutrinária para o Sec XXI perpassa um longo caminho, e dúvidas ocasionalmente aparecem sobre semelhanças ou diferenças com outros movimentos e paradigmas doutrinários. Uma dessa perguntas é se o Integralismo Linear se aproxima de teorias laicas católicas como o Distributismo de Chesterton e Belloc?? Vamos fazer um breve relato sobre essa conotação e esclarecer de vez essa dúvida.
O Integralismo da década de 30 parte de uma interpretação e adaptação á realidade da Encíclica Rerum Novarum, do papa Leão XIII do final do Sec XIX e da Encíclica Quadragesimo Anno do papa Pio XI de 1931. Assim também o faz o Movimento Distributista, principalmente com relação a primeira Encíclica, já que o marco de lançamento do Distributismo se situa veridicamente em 1913 com o lançamento do livro de Hillaire Belloc ” O Estado Servil”. O Distributismo, assim como o Integralismo, se colocava como pensamento de terceira via, contra as doutrinas judaizantes do Capitalismo Liberal e do Comunismo. Assim como o Integralismo, o Distributismo defendia a propriedade privada e sua importância, além de ser um pensamento tradicionalista e conservador. No Brasil, o Integralista Alceu Amoroso Lima ( Tristão de Athaide) e depois o católico fervoroso Gustavo Corção defenderam a adoção do Distributismo como nova epopéia de interpretação social da Igreja Católica com relação a estrutura política e social do Brasil, e uma continuação estrutural do Tomismo no seio conservador da Igreja.
Acontece que mesmo o Integralismo da década de 30 nada tinha de mais semelhante ao pensamento de Chesterton do que os pontos apresentados. A propriedade privada no conceito integralista deveria cumprir seu papel social, e não era vista como algo sagrado e estanque na realidade de uma sociedade. A propriedade privada não poderia ser admoestada pela Estado e nem pela especulação capitalista, mas também não poderia ser vista como meio de se acumular riquezas estacionárias e especulativas no processo de geração econômica dos países. O Integralismo, também, apesar de se situar na esfera de influência católica nos primeiros tempos, não tinha o catolicismo como única visão teológica de seus membros. Chesterton e Belloc sempre foram homens de idéias e atrelados ao catolicismo, e não doutrinadores e filosófos, aliás mesma crítica que fazemos a São Tomás de Aquino.
No contexto do Integralismo Linear o catolicismo perde sua influência de outrora. Nós interpretamos o Integralismo agora como uma nova cosmovisão da realidade, uma nova religião( não necessariamente cristã) e não precisamos nos esconder no laicato tóxico de católicos com mente engessada pela doutrina tomista. Temos nossa própria interpretação do futuro e da importância dos conceitos e da espisteme filosófica da realidade. A propriedade privada tem que cumprir seu papel social, tem que obedecer às necessidades do país e da sociedade. Fazendas improdutivas e com agressões a natureza não podem se tornar moeda de enriquecimento através de heranças e barganhas plutocráticas que só visam a acumular riqueza para poucas famílias abastadas, sem a contrapartida ao desenvolvimento social e econômico. Ou seja, o Integralismo Linear apresenta apenas semelhanças ao Distributismo, tem apenas alguns pontos em comum, e somente isso. Chesterton e Belloc que descansem em paz nas suas propostas mirabolantes e estapafúrdias, pois no solo integralista linear não vão encontrar fertilidade suficiente para suas sementes. Mais uma questão resolvida.