MARGARIDA HIRSCHMANN, A HISTÓRIA DA ESPIÃ INTEGRALISTA

MARGARIDA HIRSCHMANN, A HISTÓRIA OCULTA DA ESPIÃ INTEGRALISTA

ROD TIGRE, COORDENADOR DO MIL-B RJ

 

             A blusa-verde Margarida Hirschmann, paulistana, filha de imigrantes alemães (José e Maria Hirschmann), havia embarcado para a Alemanha em 1939 e moravam em Munique quando a guerra começou. O pai estava doente e ela e a mãe cuidavam dele. Ela era taquigrafa de português na revista Signal e para a Rádio Berlim. Militares alemães montaram uma rádio em solo italiano a “Rádio Auriverde”, que funcionava na Rádio Fino-Mônaco, instalada perto de Como e tinha como comandantes Anelmann Alta e Kreuzer, além do italiano Felício Mastrangelo, que fora radialista no Brasil da década de 30 até 1942. Todos tinham morado no Brasil e pretendiam usar o rádio como arma psicológica para fazer os soldados brasileiros desistirem da guerra. Ao grupo se juntou Emilio Balduino, que era estudante na Alemanha desde 1938. “A princípio, os alemães não me obrigaram a trabalhar. Eu, para manter-me, servia na Casa de Arte, porém depois, com a marcha da guerra desfavorável, todos os homens válidos foram sendo gradativamente substituídos e ordenaram-me a entrar para o Serviço de Trabalho Obrigatório. Dali fui enviada, sob pena de fuzilamento, para a cidade italiana de Fino Mônaco, no Lago di Como, e ainda sob ameaça disseram-me que atuasse como locutora e datilógrafa no programa Auriverde, feito para os brasileiros. Durante os meses que estive nessa emissora, faltou-me talvez, a coragem necessária para trocar o microfone pelo pelotão de fuzilamento. Desejo saber: quantas mulheres preferiam a morte? Várias vezes tive conflito com o pessoal alemão e de tudo isso tenho provas documentadas! Agora, surge um soldado brasileiro, capturado pelos alemães, e que trabalhou sob coação ao meu lado; esse soldado faz parte da acusação. Pergunto eu: se ele, homem e soldado não encontrou meios de resistir, que poderia fazer eu, uma mulher sozinha? Confesso que tive medo. Podem até me acusar de covardia, mas não de traição. Em todos os anos que permaneci na Alemanha ou na Itália, não deixei de ser forçada a realizar tarefas que sinceramente não desejava executar”.

            O soldado que a blusa-verde se referia era um Pracinha feito prisioneiro e levado à força, para cuidar da parte musical, o soldado FEB, Antônio Ribeiro da Silva (6º Regimento de Infantaria). Antes dele, outro brasileiro residente na Alemanha, Carlos Pinto, havia sido assassinado por não querer a função. Quando a guerra acabou, Margarida não foi presa de imediato, fugiu para Milão e lá encontrou os brasileiros. “Residi a esse tempo num edifício de apartamentos situado no Largo do Rio de Janeiro n. 2″. Ali, foi pega pela FEB e levada para o comando americano, a quem passou informações de bom grado: “Todos nós, entretanto, procurávamos ser úteis aos aliados, menos esse tal Felício Mastrangelo, italiano, e que não poderá ser julgado no Brasil, porque não nasceu aqui. Mastrangelo vive em liberdade na Itália e é feliz. Ele era o chefe e o mentor dos programas. Nós obedecíamos, apenas. Milhões de pessoas estão nas mesmas condições e foram perdoadas, porque não estava em suas mãos reagir contra a violenta perseguição dos nazistas”. Já em poder dos norte-americanos, a Integralista acusada foi falando o que sabia e conseguiu um documento para apresentar em sua defesa: “Quartel General do IV Corpo – Seção G2 (Serviço de Informações), 15 de junho de 1945. O Tenente Chiaparelli (Do Exército dos Estados Unidos) abaixo assinado, em funções junto à Seção G-2 do 4o Corpo, declara que a Senhorita Margarida Hirschman prestou, ao lhe serem pedidas informações úteis o dispendeu atividade a favor dos inquéritos feitos pela referida seção. O seu auxílio foi prestado com lealdade e amizade para com as Nações Unidas. (a) Frederico Chiaparelli, 2° Tenente 1. A. Firma reconhecida pelo Consulado de Portugal, encarregado dos negócios do Brasil na Itália”,

 

              Não adiantou. Margarida foi mandada escoltada junto com um dos contingentes da FEB e sob o cuidado de enfermeiras que também voltavam para casa. Foi recolhida à prisão na Capital da época, o Rio de Janeiro. Foi processada por espionagem e por levantar armas contra o Brasil em guerra, o que poderia lhe render pena de morte por fuzilamento ou 30 anos de prisão. Em 18 de julho de 1946, Margarida estava no aeroporto quando foi abordada pelo jornalista do jornal A Manhã, e se trajava de verde, a “cor do Integralismo”, ressalta o jornal.  Quando embarcava teria dito: “Adeus, pátria e família”, em uma alusão aos valores Integralistas: Deus, Pátria e Família. E antes de entrar completou: “Eu sou integralista até no nome. Não se esqueça que sou Hirsch-mann! Sabe o que é Hirsch?” Qual a relação que queria fazer, não consegui entender. Primeiro ela foi julgada pela Justiça Militar e absolvida. Depois, com apelação da promotoria ao Supremo Tribunal Militar, a pena foi revista e colocada como pena mínima (20 anos). Nisso, Guaracy Silveira, deputado federal a defendeu publicamente no Jornal Cruzeiro, com o apoio de outros 95 colegas, entre eles o General Flores da Cunha, político famoso da época. Segundo os parlamentares, outros acusados de espionagem estavam livres e só ela, por ser mulher, continuava na prisão. Quem a defendia era o advogado Evandro Lins e Silva (que já defendera e tinha libertado outros acusados de colaboracionismo e espionagem para os nazistas durante a guerra). O procurador público era Paulo Whitaker. Os 20 anos viraram três e depois foram zerados. O jornal catarinense, O Lageano, de 02 de julho de 1949, ao noticiar o indulto total e a liberação de Margarida Hirschmann, lembrou que o vice-presidente Nereu Ramos foi o responsável por assinar os documentos para liberação da ex-locutora, porém, defendia que ele o fez como qualquer outro processo, sem favorecimentos. Dali em diante a pena foi extinta e esquecida. Nereu intercedeu e por pressão dos fatos e da política, colocou Margarida em liberdade definitiva e nunca mais no Brasil ouvi-se falar dela…

             O escritor Rubem Braga, que durante a Segunda Guerra Mundial, atuou como correspondente de guerra junto à Força Expedicionária Brasileira, fez uma apaixonada defesa da locutora Integralista: “houve jornais que a chamaram repetidamente de espiã – brincadeira perfeitamente absurda, pois Margarida passou todo o tempo da guerra em território inimigo. Mas ainda essa história de comentários insultuosos ao Brasil e à FEB não ê verdadeira . Do processo não consta, que se saiba, o texto escrito ou gravado de nenhuma irradiação. O que há é a memória do que se ouviu. Eu por mim ouvi repetidas vezes o programa de que Margarida Hirschmann era locutora. Ouvi-o no QG recuado, ouvi-o em vários postos de comando, ouvi-o sempre em companhia de oficiais e de soldados – e nunca ouvi um só insulto à FEB ou ao Brasil. Só uma criança pode acreditar que os nazistas fossem tão estúpidos a ponto de irradiar para os soldados brasileiros um programa com insultos a esses soldados ou ao Brasil. Muito pelo contrário: exaltava-se ali a bravura de nosso soldado e as belezas e virtudes de nossa Pátria. Exaltava-se, está visto, para no meio dessas doçuras (entremeiadas de sambinhas e marchas) fazer trabalho de intriga dos soldados com a retaguarda e com seus aliados, principalmente os americanos. Este é-o crime de Margarida Hirschmann, e ele já é bastante feio para que, com tanta insistência, se pretenda transformá-lo em outros… O programa de Margarida não teve a mínima -influência sobre o moral de nossa tropa – isso não há um só homem da FEB que não o afirme. Os soldados achavam graça – e se deleitavam com a parte musical bem mais interessante que a do programa que o Serviço Especial fazia em Florença… Mantê-la vinte anos no cárcere por uma fraqueza ou um crime que não prejudicou ninguém, enquanto aqui fora prosperam os mais repugnantes criminosos – os que na verdade traíram, os que na verdade espionaram, os que na verdade assassinaram – isso me parece covarde, me parece indigno e me parece desesperadamente melancólico” .

             Enquanto Jorge Amado e Osvald de Andrade, e outros serviçais do sistema sionista internacional,  que escreviam matérias louvando Hitler e o nacional-socialismo no jornal Meia Noite, por serem de esquerda, tem essa parte da sua história apagada e são até hoje comemorados, a pobre Margarida, que segundo Rubem Braga nunca fez mais que exaltar o Brasil em seu programa de rádio, é esquecida e renegada, só por ser Integralista. Porque será que as mulheres feministas que dizem defender a honra e a justiça de todas as mulheres nunca falam das injustiças que sofreu a radialista Margarida Hirschmann?  Deixo a pergunta pra quem quiser responder…

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