A Verdadeira Missão da Juventude

O presente artigo foi escrito em 1957 aos mais de duzentos Centros Culturais da Juventude, filiados a Confederação de Centros Culturais da Juventude, que foi uma organização que teve como seu Presidente de Honra a figura de Plínio Salgado, e chegou a reunir, em todo o Brasil, centenas de grupos de jovens sob a presidência nacional de Gumercindo Rocha Dórea. Os seus integrantes eram chamados “águias brancas”, e quase todas as entidades traziam nomes de grandes vultos da nacionalidade. De seus quadros saíram ministros, secretários de estado, deputados (federais e estaduais) prefeitos, professores universitários, filósofos, diretores de grandes empresas, etc.

Se a juventude traz consigo o Amanhã da Pátria é porque dela deverão sair os responsáveis pela sobrevivência da Nação. Prepara-la para que produza os valores humanos, de que a comunidade nacional precisa, deve ser toda nossa aspiração. A mocidade não se prepara nas ruas, no fragor das batalhas transitórias. Lançar os jovens nas empresas do mal, sem a iniciação prévia na ciência e na arte de construir o Bem, será desviá-los de um destino superior. As mais belas campanhas, se resultantes do improviso, hão de ser, inevitavelmente, como estrondo das ondas na superfície do mar. As ondas facilmente se deixam levar pelo magnetismo da lua ou pelos ventos inconstantes que sopram em todas as direções. Só as águas profundas resistem. Só elas trazem consigo as potências da irredutibilidade.

A irredutibilidade no Homem é a estrutura do caráter. O caráter se forja pelo concurso de três elementos: Personalidade, Cultura e Educação. Desenvolver a personalidade, enriquece-la pela cultura, dar-lhe ritmo pela formação moral e espiritual – eis o que nos cumpre quando nos entregamos no magistério da palavra esclarecedora e da ação criadora, no esforço de suscitar o advento de grandes homens para a Pátria. A mobilização dos moços para uma campanha de moralização, de luta contra os desmandos e contra a degradação dos costumes é iniciativa que merece todo respeito; mas é expediente empírico, visando o tratamento sintomático da enfermidade social. Não vai às raízes da moléstia. Não procura as causas históricas das desgraças que lamentamos. O conceito moral depende de uma concepção de vida. A concepção de vida decorrer do conhecimento da verdade e da sua compreensão da realidade. Pois a mesma verdade pode ser desvirtuada e abastardada na concretização dos seus objetivos, se a mente desavisada opera sob a injunção de circunstâncias desconhecidas. Se queremos estabelecer o império da Moral, cumpre-nos promover, antes de tudo, a iniciação dos espíritos nos conhecimento do “verdadeiro” e do “real”. Cumpre-nos traçar, com firmeza, a própria definição da moralidade. Do contrário, perder-nos-emos na confusão que o utilitarismo inglês de Bentham e de James Mill lançou sobre o século XIX, a tal ponto que se tornaram imprecisas e contraditórias as noções do “útil” e do “justo”. Foi tal a confusão que desnorteou a humanidade, produziu o pragmatismo americano – essa filosofia de mercadores; – o cientificismo evolucionista que inspirou o delírio de Nietzsche, a gritar nas torres do Pensamento, e as conclusões de Marx, a resmungar e a conspirar no rés-de-chão, dos armazéns de comestíveis e, finalmente, os torpes postulados dessa moderna metafísica de Limpeza Pública, que vibra na pituitária dos faxineiros de Freud. A iniciação dos espíritos jovens exige trabalho metódico, sistemático. Repele o “dispersivo” para se ater ao “reflexivo”. Evita o “extenso” para que predomine o “intenso”. E não se entrega à exteriorização sem precede-la de longos dias de interiorização. O jovem deve construir-se primeiro, para depois pensar em construir a sociedade.

A autoconstrução não se faz nas praças públicas nem no fragor das manifestações coletivas; pelo contrário, forja-se no estudo, na meditação, na discussão, na troca de idéias. (…) Se os nossos estabelecimentos de ensino fabricam apenas profissionais e são insuficientes para incutir nos moços brasileiros os sentimentos de civismo, a noção de deveres, o espírito público; se nos próprios lares, na sua atmosfera materialista e egoísta, as crianças e os adolescentes já não encontram aspiração à vida – então, de que elementos nos iremos valer, buscando a Mocidade, para dar ao Brasil aquilo de que essa mocidade está necessitando? Não será perigoso lançar a Juventude, sem os parafernais dos conhecimentos que ela própria possa administrar em seu proveito, numa campanha – ainda que benemérita – em prol de uma indefinida moralidade empírica, sem base de uma formação religiosa, filosófica, histórica e sociológica? Não se transformarão os comícios e as agitações da praça pública em formas de derivativos, a substituir os divertimentos em que se estiola a maioria dos moços em nosso país? Não haverá o perigo de se tornarem os jovens (que é tudo o que esta Pátria ainda possui de esperança) em instrumentos de interesses partidários? Moralidade por oposição e visando destruição sem sentido de construção, é moralidade de superfície, promotora de escândalos públicos e sem nenhum resultado positivo para o futuro de uma Pátria que está precisando, antes de tudo, elevar seu nível cultural. (…) Por conseguinte, o problema da moralidade é um problema de cultura. E o problema da cultura popular (formação da consciência do povo) só será resolvido forjando-se uma geração que possa fazer valer, em face da inversão de todos os valores, os legítimos direitos de orientação de uma forte aristocracia intelectual e moral. Forjar essa geração – eis do que o Brasil precisa. (…) Que se lancem campanhas pela moralidade nacional e que para ela se mobilizem os moços, contra isso não podemos, em princípio, nos opor; mas que essas campanhas distraiam a juventude do esforço que ela deve empregar no sentido de construir-se por meio de uma revolução moral interior e de uma elevação intelectual indispensável, contra esse desvio nos opomos. E se uma campanha dessa natureza vier a servir ao interesse de partidos políticos ou da “demagogia da honestidade”, que, à mingua de outros predicados de nossos homens públicos, se apresenta hoje como cartaz para a conquista de postos eletivos, então devemos ter a coragem de condená-la. E se, ainda, a habilidade técnica do comunismo internacional intervier sub-repticiamente para utilizar-se como “massa de manobra” desse patrimônio da Pátria, que é Juventude, coordenando-a, sem que ela o perceba, como tem feito a todos os nobres e puros movimentos da opinião sentimental e desprevenida no que respeita às artimanhas dos pescadores de águas turvas, nesse caso devemos estar alertas para prevenir os que não se preparam para conhecer os fatores intervenientes e as circunstâncias advenientes que surpreendem sempre as melhores intenções.

Fonte: in Reconstrução do Homem, Livraria Clássica Brasileira, Rio de Janeiro, 1957, pág. 103.

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