A Pátria adormecida
Extraído do livro Despertemos a Nação, Plínio Salgado, 1931
“Um povo que não luta é um povo que perdeu o sentido da vida, que perdeu a consciência de si mesmo. E já não sabe para onde vai. E nem deseja saber para onde o conduzem.
É a indiferença e o letargo. É o sono de bronze, que preludia a morte. É o silêncio trágico.
Que espécie de luta é essa, que exprime a vitalidade dos povos? Que batalha é essa que está faltando no Brasil, e que deve constituir a única luz a nos iluminar?
Essa luta não é a das competições dos cargos; a decorrente da emulação dos partidos sem programas; a representada pelos choques dos interesses materiais e imediatos das classes; originada pelos interesses regionais; pelos rancores e ambições de homens e de grupos de homens. Pois a isso se poderá chamar o “struggle for life”, desordenado e sem outro sentido lógico senão o do secreto egoísmo de cada um, traduzido em divergências ocasionais e forjador das surpresas diárias que enchem as colunas estéreis da imprensa informativa; não, porém, uma luta.
A luta necessária, essa que nos está faltando e cuja ausência nos deveria envergonhar perante os outros povos, é a generosa e brava luta das idéias. Esse é o grande conflito vital, o choque da vida em marcha, que enche de clarões uma Nação.
Precisamos despertar o Brasil. Para a luta franca, definida, forte das idéias, em que não haverá mais desconfianças, pois cada um estará identificado no seu posto e marcado na sua direção e na sua atitude.
Para a batalha do pensamento, que deve exprimir-se nos grandes debates e até nas barricadas.”